Toque de Recolher
Já faz um tempo que a polêmica de uma lei que impõe o toque de recolher aos menores de 18 anos circula pelas cidades de todo o Brasil. o Estado entende que ao proibi-los de sair à noite pelas ruas, o grande número de crimes cometidos por menores e ate contra eles ira acabar. Será que eles têm razão?
Primeiramente, esta medida é inconstitucional visto que interfere no direito de ir e vir dos adolescentes. A saída não é acabar com a liberdade dos jovens, afinal, de que adianta prender as vitimas enquanto os verdadeiros criminosos estão livres.
Em segundo lugar, estão querendo jogar na mão de toda a sociedade, um papel que é delegado à própria família. A função de educar. A partir do momento que nosso ordenamento resolveu privilegiar a liberdade de todos, devemos cada um estabelecer regras válidas dentro do próprio ambiente familiar.
Quando um adolescente é educado e estruturado da maneira correta, ele não vai querer voltar pra casa mais cedo pelo fato de ser proibido, mas sim, por livre espontânea vontade, pois ele desenvolveu a consciência do que é mais seguro para si. Enquanto outro, vindo de uma família que tem por tradição o crime, vai continuar por aí, o Estado querendo ou não.
Os defensores do toque de recolher dizem que estamos protegendo nossas crianças da constante ameaça da criminalidade e das drogas. Porém, estamos esquecendo que tanto o Estado quanto os conselhos tutelares são responsáveis por garantir tal proteção, além de incentivar a cultura, sem restringi-los de sua liberdade.
O Brasil tem a mania de sempre escolher a solução mais fácil que acaba por resolver o problema de forma imediata. Optamos pelo toque de recolher, afinal, o índice de violência esta diminuindo nas cidades em que este foi implantado. O problema é que esquecemos que a longo prazo isto não funciona. Ainda assim, nosso país prefere pagar pra ver.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009 @
relembrar
Em uma semana a nossa historia vai ter uma vírgula para poucos, um ponto final pra muitos.
Mas ninguém, ninguém vai conseguir apagar.

Falaram que o melhores dias das nossas vidas estão por vir. Acho que eles estão no fim.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008 @
Pega na mentira
Mentira é um artefato multifuncional. Seja por bem, seja por mal. Para roubar ou afagar. Um dom de todos, o qual cada um escolhe de que lado usar.
Zoraide era do tipo humilde, louca das idéias, disposta a se casar com um qualquer. Assim que chegava a temporada na cidade, ela logo corria atrás dos bigodes que lhe davam bola. Todos morriam de encantos por ela. Soldados, atendentes e banqueiros. Mas todos a deixavam. Até Marco.
Marco era novo no exército, e novo na cidade. Quando Zoraide avistou o rapaz de farda, logo puxou papo. Pobre Marco, passou cada noite a deriva da tal moça. E foi aí que o golpe da barriga entrou em ação.
Não se passou muito tempo e toda a cidade já esperava pelo bebê. A cada dia a mentira aumentava, até virar uma avalanche. E bater. O que Zoraide não esperava é que sua amiga - a quem confiou todo o seu plano - se apaixonou por Marco, e resolveu ir a praça da cidade, delatar Zoraide.
A cidade urrava inconformada quando Zoraide finalmente deu as caras gritando: - Quem nunca mentiu pelo próprio bem, que atire a primeira pedra! - e veio a chuva de pedras. Assim, Zoraide morreu, como prova viva - ou não - de que em um mundo onde todos mentem, a minoria sem poder é que é apedrejada.
o que a falta de fazer não faz com as pessoas..
Ah! não abandonei isso aqui não, aliás, logo logo novidades, novos projetos e mimimi :D
quinta-feira, 20 de novembro de 2008 @
vai?
Eu pedalei. Minhas pernas sedentárias doiam com a força. O vento me lambia. Minha camiseta colava. Eu pedalei.
A sensação de liberdade que a brisa te proporciona é maior do que qualquer coisa. Você pedala sem rumo e quando percebe está mais perto da ferida do que imaginava. A parede invisível te causa repulsa. A linha imaginária te dá espasmos.
Pela primeira vez, você chegou tão perto. e pela primeira vez desde que o sentimento bom se foi e você se manteve longe, você pedala pra cruzar a linha.
Assim que chega ao outro lado, o ar some. a luz se esconde. a dor no seu psicológico ultrapassa os limites e se torna física. Você não pode gritar, apenas pode aprender a conviver com a dor. Até ela passar.
e ela vai passar.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008 @
eu não quero que acabe
Passo após passo, caminho até meu destino. Me deparo com uma porta laranja. Giro a maçaneta dourada e entro. As quatro paredes amarelas me assustam e o quadro negro me encara. Avisto a minha cadeira, meio torta-meio reta. Me sento e abro minha mochila a procura das muitas anotações perdidas. Por trás das lentes dos meus óculos refletem meus garranchos e eu aperto os olhos para entender o que está escrito. A porta laranja abre, e a cada minuto entra um ser diferente. Nunca tinha parado para analisar as pessoas a minha volta, e agora eu as via com outros olhos.
Uma garota branca com cabelos pretos entra com a cabeça baixa e ao me ver abre um sorriso. Um chumasso de cabelos aparece pela fresta. Na mão, só uma caneta. Ele se joga na carteira e dorme. As pessoas continuam a chegar, eu reconheço cada rosto e começo a imaginar minha vida sem eles. Esse ritual se repete a cada dia. a cada hora. Eu quero aproveitar cada segundo, mas tenho medo de me apegar cada vez mais e esse segundo ser crucial quando eu precisar me deixar levar. Eu não quero que acabe. Eu não quero que acabe. Eu não quero que acabe. Eu não quero que acabe. Eu não quero que acabe. Eu não quero que acabe. Mas vai acabar. E de cada momento, pra sempre eu vou lembrar.
"Em tão pouco tempo temos muito que aprender
Pra saber que quando acaba, acaba e faz crescer"
quinta-feira, 16 de outubro de 2008 @
me acorde pra vida
É fim de tarde, vampiros, lobisomens,.. vivo num mundo de fantasias.
na hora em que é preciso acordar eu me debato e resisto.
Vivo no meu próprio mundo, onde ninguém consegue penetrar, será que vai ser sempre assim?
Não quero que mude. Eu não aproveitei o bastante, eu quero sempre mais.
Acordei com seu grito e não consegui dormir mais.
terça-feira, 14 de outubro de 2008 @
na na na na..
It's hard do wake up
I'm ripe with things to say
The words rot and fall away
Em todo lugar teu rosto estampado me deixa cada vez mais amedrontada. Sei que não sou a única afetada, e junto com milhões de pessoas estou expressando todo o meu apoio, torcendo pra tudo dar certo. Mantenha sua cabeça firme. Choro por algo que mesmo distante, machuca.
Qual a minha idade mesmo?

por favor me diga que esse dia ruim irá terminar
eu serei até o fim seu amor, seu amigo.
você está com medo de ficar sozinho?
porque eu estou, estou perdido sem você.
terça-feira, 23 de setembro de 2008 @
Eu odeio crescer
Tanta coisa está mudando em tão pouco tempo, e eu digo isso relacionado a todos os aspectos de uma vida. Tudo que havia sido planejado se desfez e foi substituído por um novo projeto, por um novo futuro, totalmente diferente. Este é só um post pessoal que vai servir para eu ler de novo daqui algum tempo e perceber como o mundo dá voltas. Nas últimas semanas eu sofri descontroladamente com o bicho-papão comum que aparece pra todo adolescente prestes a terminar o terceiro colegial. O monstro do vestibular. Eu não fazia e ainda não faço idéia do que prestar, porém tinha menos de uma semana pra decidir uma vida, e no último dia eu resolvi desistir, e decidi que teria fins mais rentáveis para o dinheiro que eu ia gastar com uma inscrição que não faria o menor sentido. Ainda nas últimas semanas, eu estava ensaiando e dedicando uma boa parte dos meus dias à dança, o que provavelmente é a única coisa que pode me sustentar até algo novo surgir. Eu preciso de uma música nova, preciso de uma roupa nova, de uma coreografia nova. EU QUERO ALGO NOVO! Fora esses problemas de tempo e de economia, existiam os problemas emocionais. Nunca pensei que a pressão vinda de fora, pudesse afetar tanto uma pessoa. Os mais variados tipos de emoção foram despertados em mim em um espaço de tempo tão curto, que era difícil acreditar. E eu ainda não consigo entender como alguém consegue, em meio a tantos problemas gigantes e realmente importantes, consegue trazer algo que pensou ter dado fim de volta a vida. O esquecido era só uma brasa, que foi transformado, sem querer, num incêndio. Tá tudo tão louco, eu acabei misturando tudo, e não consigo nem mais entender a finalidade de eu estar escrevendo tudo aqui. Eu cheguei a conclusão de que eu estou crescendo. E não, eu não to falando da calça 38 que eu fui obrigada a comprar hoje.
sábado, 13 de setembro de 2008 @
junta tudo e mastiga
Não é porque eu estou mal que eu quero tua ajuda, por acaso eu pedi? Você não percebe a minha cara de nojo? Eu odeio sua pinta de besta e o fato de você querer deixar o cabelo vermelho como o meu. Sai dessa vida, vai morder o teu pedaço da pizza e deixa a minha azeitona em paz.
segunda-feira, 25 de agosto de 2008 @
Minha seleção

Desde o começo venho acompanhando as olimpíadas. Com cinco canais Sportv eu passava 24 horas do dia vendo esportes do mais diferentes tipos e lugares. E então eu cheguei a conclusão de que o pior que o pior lugar num pódio, é a prata. A prata quer dizer que você deu tudo de si pra ir para as finais e merecer mais que o bronze, porém mostra que você não era realmente bom o bastante pra ser o merecedor do ouro.
Ontem à noite, o vôlei brasileiro chegou a final, e quase que eu passei dessa pra melhor com tanta emoção. Mais uma final contra os EUA, a chance da revanche. O primeiro set foi incrível, me fez pular como louca e gritar como se já tivéssemos ganhado. No segundo e terceiro set o coração pulava pela boca e torcia mais que nunca, o Brasil caiu. No quarto set, se reergueu com uma força surpreendente, mas nos últimos pontos o outro time mostrou do que era capaz. Nós perdemos.
Os EUA jogaram pra caralho, não posso negar. Mas eu não pude me segurar. Junto com o time, eu cai no choro e só então caiu a ficha de que aquele era o ultimo jogo da MINHA seleção. Um grupo ao qual eu me apeguei, e me sentia intima. Cada abraço e cada grito deles refletia em mim como se eu estivesse em quadra. Pra mim essa seleção nunca vai ser perdedora. Pra mim, independente de qualquer prata essa é a melhor seleção do mundo, e vai ficar guardada pra sempre.
Giba, Gustavo, Murilo, Dante, Rodrigão, André Heller, André Nascimento, Marcelinho, Serginho, Bruninho e Bernardinho, junto com vocês eu gritei, eu torci, eu venci, eu sorri, e chorei. Infelizmente tudo tem um fim, um descanso pra quem nos deixa e boa sorte pros que continuam. Obrigada por todos os momentos, por todos os pontos, por todos os peixinhos! Obrigada por me fazer ter orgulho do meu país. Vocês são foda.
domingo, 24 de agosto de 2008 @
revira-volta
Há um tempo abandonei o cellardooor sem dar satisfações. Estava cansada e não me sentia mais tão bem escrevendo ali, surgiu uma oportunidade e eu comecei a escrever em uma coluna de cinema no site Omanicomio.com que por alguns motivos deixou de existir a pouco tempo. Contudo, a saudade de escrever veio à tona, e cá estou eu de novo, em mais uma tentativa de botar tudo pra fora. Selecionei alguns poucos textos que eu mais gostava do antigo blog, e re-postei(?) aqui, e hoje, simplesmente pra voltar, vou postar um “poema” de um filme velhinho e conhecido, mas bem belo.
“Odeio o modo como fala comigo, e como corta o cabelo
odeio como dirige meu carro e odeio o seu desmazelo.
odeio suas enormes botas de combate e como consegue ler minha mente
eu odeio tanto isso em você que ate me sinto doente.
Eu odeio, eu odeio como esta sempre certo e odeio quando me faz rir muito
e mais quando me faz chorar.
eu odeio quando não esta por perto e o fato de não me ligar.
Mas eu odeio principalmente não conseguir te odiar.
nem um pouco.
nem por um segundo.
nem mesmo só por te odiar”
quinta-feira, 21 de agosto de 2008 @
desastre
Um tiro. Um passo. Compasso. Que passa sem pulsar. Sem respirar.
"filho da puta". o mundo girou e seu corpo despencou com força suficiente pra rachar o chão. e o cérebro.
Crânio em pedaços, sangue em torrente.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008 @
brisa sufocante
Há dias a cidade não sabia o que era sol. Chovia incessantemente, alagando cada milimetro de tudo e todos. Ao acordar o sol tocou sua face e a queimou como água escaldante. O calor pertubara seu sono pela manhã. Com brutalidade um movimento molhado tirou o sono de seus olhos. A praia, ao atravessar a rua, estava mais convidativa que nunca. Uma corrida, descalça os chinelos. E numa brisa suave roda e cai como bêbada numa corrente que a leva pra longe, e se afoga num mar de sal, de lágrimas.
@
momento único
..Pessoas que nunca haviam se encontrado, explodiam em uníssono. O suor escorria, e 15 mil corpos agonizavam sobre pernas cansadas, do mesmo modo que uivavam de felicidade. Começara o bate-cabeça e nada naquele mundo faria Chlöe sentir dor. Entrou na roda e ao receber o primeiro soco, percebeu que nunca fora tão feliz antes e então toda e qualquer raiva que ainda pudesse existir, sumiu no momento em que chutou tudo e todos. Chlöe já perdera a conta de quantas músicas cantara. Os gemidos gritantes estupravam seus tímpanos e ela vibrava como se nada no mundo tivesse importância, nada além dela, e daquele momento.
@
quando o dia acorda diferente
Era uma manhã escura. Pessoas acordavam e se preparavam para um longo dia de trabalho, de rotina, mas eles não faziam idéia do que ia acontecer. Crianças tomando o banho quente da manhã, vestindo o uniforme e correndo com suas mochilas de rodinhas escada abaixo, enquanto suas mães esperavam com a caneca de chocolate quente na mesa do café. O pai médico, ou uma mãe advogada, tirando seus carros da garagem e dirigindo até o colégio da aninha ou do pedrinho, os deixando no portão com um beijo de despedida. Já passava das oito, ainda era uma manhã escura. Secretárias digitando rápidos relatórios para os chefes em reuniões importantes. Enfermeiras correndo em casos de emergência. Guardas monitorando o trânsito. Até então, nada fora do normal.
Já acontecera antes, dias nublados, uma forte bruma perto do porto, a dificuldade de enxergar um único palmo a sua frente, talvez por já terem passado por isso, ninguém notara o que realmente acontecia.
@
metamorfose
Acordar cedo, viajar ansiosa, ensaiar, marcar, respirar. Já quase uma rotina pra quem como eu e as meninas "vive a dança". Toda a preparação, roupa, cabelo, maquiagem. Por mais acostumada que você esteja, aquele friozinho de nervoso te invade e você tem menos que 1 minuto. Merda pra você! É a sua vez, respira, sorri, entra e se transforma. Aquela menina tímida de repente toda cheia de poses e trejeitos de modo a agradar os jurados. Toda aquele medo se reproduz em força, delicadeza, vontade e perfeição nos passos. Você encara a platéia e mostra que sabe o que faz. Energia, vibração, contagia. O público assobia, aplaude. Você agradece e sai. Na cochia, mais pessoas, bailarinos, artistas, como você, concentrados, e prontos pra mostrarem sua arte. Então você sai, se troca, e entra pela porta de quem assiste, e assim como todos, se impressiona com tudo o que presencia, testemunha. E ninguém em meio a tantos telespectadores, sabe como é lá trás. É um mundo totalmente diferente. Um palco de Transfiguração. Transmutação. Metamorfismo.
@
inverno
O que pode ser melhor do que acordar, enrolada em milhões de cobertas, e ao olhar pela janela, ver flocos de neve cairem nas mais diversas formas? O inverno chega, e bate aquele desespero ao entrar em contato com qualquer coisa. Tudo tão gelado! Mas só de olhar tudo a sua volta e notar como tudo parece um bolo cheio de glacê. Aquele frio que faz você tirar aqueles agasalhos e mantas do fundo do armário, aquele frio que faz você reecontrar aquela meia 3/4 ridiculamente colorida que você comprou pra ir a festa junina do colégio, que faz você usar aquela touca do Pokemón que seu pai te deu há uns 5 anos, que faz você correr pras lojas e comprar a luva mais fofa e a pantufa mais feliz que seja, todas as precauções para esquentar desde o dedinho do pé até a alma. E então depois daquele dia agitado e cheio de trabalho, você ensaia várias vezes a sua entrada no chuveiro, e finalmente toma coragem, entra e sente aquela torrente fervendo cair no seu corpo e instantes depois você já não quer sair de lá, não quer sentir outra vez aquele arrepio te percorrendo, "só mais um pouquinho" você pensa, e sonha no quanto seria bom, ao sair, se deparar com aquele alguém deitado no seu sofá, pronto pra te aquecer eternamente, até que você desperta do devaneio, e corre, se enrola na toalha, se veste o mais depressa, e aí, você deita. Com uma caneca de chocolate quente, ainda saindo fumaça, e um bom livro, você se enfia debaixo daquele monte de cobertas e começa a fantasiar a história daquele livro, enquanto o chocolate desce e te esquenta por dentro. Devagar, você leva encosta boca na xícara, e tem a sensação da sua língua latejando, cálida.
Você simplesmente esquece, e ao fim daquele capítulo, cai no sono, o único lugar que te protege daquele enorme frio, que cai lá fora, trazendo angustia aos desabrigados, um frio que destrói, que corrói. Mas quando você menos percebe, suas roupas já são mais que suficientes, e você não precisa mais da meia velha, nem da touca infantil. Você acorda e vê que o chocolate em pó acabou, e o glacê por cima das casas derreteu. Pouco a pouco vão surgindo flores nos lugares onde a neve ainda cai, e você sente falta, daquele friozinho que arrepiava, frio que cortava, que já bastava.
@
férias
Quando criança, a escola não deixa de ser uma diversão. A ansiedade constante pela sexta-feira, era o dia em que nós podíamos levar brinquedos pra escola e tínhamos mais tempo pra nos divertirmos. Quando chegavam as férias, a gente passava os dias brincando de amarelinha e as noites comendo marshmallows na fogueira contando histórias de terror. A viagem com os melhores pais do mundo pro interior, visitar a família, ver gente diferente, tomar sorvete o dia todo, e ao voltar ainda passar tardes e tardes na praia, logo em frente, com medo de se molhar na água geladinha, claro, até cairmos de vez, e até chorar pra ir embora depois, mas não antes de uma tentativa quase sempre mal sucedida de construir um castelo e fincar uma folhinha como comemoração no final. A gente cresce. Um jovem? viajar com os pais? nem em sonho! Chega a fase em que queremos estar mais fora do que dentro de casa, e de preferência, sem ninguém para vigiar. E então começam as viagens com o pessoal da escola, parques e acampamentos, cheias de zoeiras, e também aquelas festas escondidas, ou baladas até altas horas da matina, reunião da turma pra beber e ver o jogo, ou só uma noite na casa das amigas, vendo um filme e comentando sobre os garotos. Isso sim são belas férias! A gente cresce. O mundo fica chato. Na fase adulta, as vezes não existem férias, e quando existem, são um alívio, um instante, um silêncio, isso tudo são dádivas pra quem passa a maior parte do ano se esforçando pra manter marido e filhos. E aí a situação inverte, é você quem viaja com teu filho, é você quem leva ele na praia e o ensina a nadar e montar castelinhos, é você quem paga o sorvete. Até chegar a aposentadoria, e a vida virar férias, mas você, ainda assim paga o sorvete. Até que um dia, mais uma vez, a história se inverte. O seu filho vai ser um bom empresário, ou um advogado bem cotado, e ele vai passar tudo que você ensinou a ele para os seus netos, e talvez você não esteja presente pra viver tudo isso. Você estará para sempre de férias.
@